Os filhos Maxakali

As esposas, viúvas e mulheres não casadas, todas elas, aparentemente, dão à luz filhos em intervalos regulares, mesmo assim o índice de mortalidade infantil é muito alto. Para a sobrevivência dos Maxacali, é necessário o índice de natalidade ser maior que o de mortalidade.

Nas conversas com as mulheres maxakali, deduzimos o valor de ter muitos filhos na sua cultura. Vinte anos atrás, quando perguntei a Isabel por que os Maxacali não permitiam as meninas se tornarem um pouco mais maduras antes de se casarem, ela disse: "Se as meninas não se casarem bastante jovens, não seriam capazes de gerar filhos."

Recentemente, perguntei a Alcina sobre Rosinha, que tem vinte e cinco anos, é solteira e não tem filhos: "É bom ela não ser casada?" Alcina deu um sorriso relutante e admitiu: "Para ela é bom não ser casada!" Insisti: "É bom ela não ter filhos?" Alcina ficou séria e respondeu: "Não, não é bom que ela não tenha filhos. Cada mulher deve ter filhos para não ficar sozinha."

Embora haja muita pressão social para ter filhos a cada 2 ou 3 anos, gravidezes mais freqüentes são desaprovadas. Eis a opinião dos Maxacali: "Só as pessoas de fora e os cachorros têm filhos a cada ano. Nosso costume é esperar até a criança atingir dois anos de idade."

Isso representa um valor cultural, mas a principal razão para esse intervalo entre uma criança e outra é a dependência do leite materno para o sustento da criança. Privar o bebê da única fonte de nutrição já no seu primeiro ano de vida, é, por certo, condená-lo à morte. Os Maxacali valorizam a vida da criança para o bem-estar da sociedade, pois cada criança que morre implica a extinção iminente da tribo.