Descendência
Os Maxacali foram descritos por Nimuendajú (1958:59) como patrilineares e, pelo menos predominantemente, patrilocais. Ele não constatou a existência de metades ou clãs, nem poliginia, exceto em raros casos de levirato e sororato. Steward (1946:689) sugere que "os Maxacali em determinada época poderiam ter morado em casas comunais, subentendendo-se, talvez, que houvesse um sistema de linhagem". Descreveu, também, o conselho de guerreiros e a casa dos homens, vistos por Nimuendajú.
As afiliações aos dez grupos cerimoniais dos Maxacali são herdadas dos pais aos filhos, tanto do lado materno quanto do paterno. É possível que no final do século passado, quando os Maxacali somavam 1.000 indivíduos (Ottôni, 1858:236), esses grupos cerimoniais representassem também clãs. Também é possível que, com a dizimação da população, tornou-se necessário filiar cada menino como membro de mais de um grupo cerimonial, a fim de preservar a prática de sua religião e manter a função desta dentro da sociedade. Seja qual for a razão, tais suposições fazem parte de um passado mítico e não se pode considerá-las reais, diz Malinowski (1945:28,29).
Parece que os Maxacali determinam o laço de parentesco em termos do vínculo do parente mais chegado. Visto que não gostam de falar sobre os mortos, eliminou-se a possibilidade de descobrir o antepassado real ou fictício. Não há indícios para descendências unilineares. Alguns indícios que apoiam uma teórica descendência patrilinear, ou pelo menos unilinear, são:
- casamento entre primos cruzados unilaterais (Keesing, 1975:118);
- existência de uma "afiliação complementar" em que o homem estabelece ligações íntimas com os parentes do lado materno.
- uma tradicional sociedade caçadora e semi-nômade, que é geralmente patrilinear (Keesing, 1975:25,46); e
- fusão bifurcada de termos de parentesco da geração dos pais (Murdock, 1947:60);
Esses aspectos são encontrados entre os Maxacali, mas não creio que haja provas suficientes para comprovar a hipótese de descendência patrilinear entre eles.