Casamento

 

Os Maxacali consideram o casamento como um processo e não um ato realizado num momento certo. Todo esse processo, que envolve um namoro discreto e uma negociação, acontece sem alarde. O primeiro ano de vida em comum é passado na casa da noiva e não é considerado definitivo, pois muitos casais se separam durante o primeiro ano. Não há nenhum rito de iniciação para indicar que as meninas estão aptas para o casamento. A iniciação dos meninos, aos doze anos, não está relacionada com a aquisição de maturidade física, e sim com a sua capacidade de assumir responsabilidades religiosas. As meninas geralmente se casam aos doze ou treze anos de idade, e os rapazes, quando são cinco a sete anos mais velhos que elas.

Nos últimos anos, não houve vestígio de levirato ou sororato. Uma criança sempre permance com a mãe quando morre o pai. Mas quando morre a mãe, a criança fica praticamente abandonada. Tradicionalmente, a irmã da mãe falecida cria a criança como se fosse sua, fato confirmado como normal por algumas pessoas mais idosas. Joana disse que, depois da morte de sua mãe, a irmã desta, Maria Xexka, levou-a para a família dela. No entanto, quando Ambrosinha faleceu há poucos anos, a mãe do marido ficou com as crianças. Sendo a avó uma viúva e suas condições de subsistência muito precárias, as crianças eram lamentavelmente magras e maltrapilhas. O pai casou-se novamente, com uma prima paralela de sua primeira esposa, mas a nova esposa achava muito repugnantes as meninas maltrapilhas, até o ponto de não permiti-las perto dela. Era muito evidente que vestia seus próprios filhos melhor do que as crianças da primeira esposa.

Mariazinha ajudou no arranjo de casamento para quatro de seus filhos. Ela relatou como isso foi feito. A iniciativa é do rapaz: ele escolhe a moça e diz aos pais quem ele quer para esposa. Se os pais não aprovarem a escolha, ele pode insistir ou procurar outra. O caso seguinte ilustra bem o que geralmente acontece.